
O Universo das Bets, Jogo do Tigrinho e Celebridades: O Que Está Por Trás da Publicidade Milionária das Apostas Online?
Nos últimos anos, as apostas online — conhecidas como bets — se tornaram um fenômeno no Brasil, alavancadas por influenciadores digitais e celebridades. Esses nomes conhecidos do público passaram a divulgar plataformas que prometem prêmios rápidos, geralmente associadas a jogos como o popular “tigrinho”.
Mas por trás das luzes, quanto realmente se paga para esses influenciadores? E mais importante: como funciona esse modelo de negócio? Neste artigo, vamos revelar os bastidores dessa indústria bilionária, os impactos éticos e legais, e como o lucro de algumas personalidades pode estar diretamente atrelado à perda dos seus seguidores.
O Crescimento Explosivo das Bets no Brasil
As plataformas de apostas online vêm dominando as redes sociais e espaços de mídia digital. Com a promessa de retorno financeiro rápido, elas se tornaram comuns em canais de YouTube, perfis no Instagram e até transmissões ao vivo de games.
Estima-se que o setor movimente mais de R$ 100 bilhões por ano no Brasil, mesmo com parte das plataformas operando fora do país.
O Fenômeno do Tigrinho: Jogo ou Armadilha?
O chamado “jogo do tigrinho” é uma versão digital de caça-níquel, com temática lúdica, mecânica simples e promessas de ganhos rápidos. Apesar da aparência inofensiva, é um jogo de alta volatilidade e baixo retorno esperado, típico de cassinos.
Esse tipo de jogo é frequentemente promovido por influenciadores como uma forma “divertida” de ganhar dinheiro, sem alertar sobre os riscos reais de perda financeira — o que pode ser considerado propaganda enganosa ou antiética.
Quanto Ganha uma Celebridade para Promover Bets?
Embora os valores exatos sejam mantidos em sigilo contratual, fontes do mercado publicitário revelam estimativas:
- Influenciadores médios podem receber de R$ 50 mil a R$ 300 mil mensais;
- Celebridades e streamers de grande alcance recebem entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões por mês;
- Além do fixo mensal, há bônus por performance: número de cliques, cadastros e perdas dos jogadores.
O Detalhe Oculto: Lucro Com a Perda do Seguidor
Um dos aspectos mais controversos está no modelo de remuneração chamado Revenue Share (RevShare). Nesse sistema, o influenciador ou celebridade ganha uma porcentagem sobre o dinheiro perdido pelo seguidor que acessou a plataforma por meio do link divulgado.
Ou seja, quanto mais a audiência perde, mais o influenciador lucra.
Essa estrutura cria um claro conflito de interesses, onde o sucesso do influenciador depende diretamente do fracasso financeiro de seus seguidores.
Impacto na Carreira e na Reputação
Benefícios:
- Ganhos altos em pouco tempo;
- Aumento de visibilidade em determinados nichos, como o de games e esportes.
Prejuízos:
- Perda de parcerias com marcas tradicionais;
- Reputação comprometida;
- Cancelamento em massa por parte de parte do público;
- Dificuldade em retomar campanhas com empresas preocupadas com responsabilidade social.
Legalidade e Zona Cinzenta no Brasil
A legislação brasileira trata apostas de forma complexa e ainda em evolução:
- Apostas esportivas foram legalizadas em 2018, mas ainda aguardam regulamentação completa;
- Jogos de cassino online (como o tigrinho) operam em uma zona cinzenta, geralmente hospedados fora do Brasil;
- O Governo Federal estuda regulamentar e tributar todo o setor, incluindo exigência de licenciamento e regras claras para publicidade.
Responsabilidade Legal de Quem Divulga
Apesar da ausência de regulação específica para influenciadores, o Código de Defesa do Consumidor já obriga que qualquer publicidade seja clara e verdadeira.
Prometer lucros fáceis, omitir riscos e mascarar conteúdo patrocinado pode configurar publicidade enganosa, sujeita a penalidades.
Além disso, cresce o entendimento jurídico de que influenciadores podem ser corresponsáveis por prejuízos causados ao seu público, especialmente se houver má-fé ou omissão de riscos.
A Ética por Trás dos Likes: Quando o Público Vira Produto
A realidade é dura: quando um influenciador lucra com as perdas de sua audiência, há um grave dilema ético. O conteúdo que deveria informar ou entreter, acaba se tornando um instrumento de captação de jogadores para plataformas com alto risco de compulsão, endividamento e impacto na saúde mental.
É fundamental refletir: é moral lucrar com o vício e prejuízo alheio?
Com a regulamentação se aproximando, influenciadores e empresas precisarão rever estratégias. Até lá, cabe ao público se informar, questionar e lembrar: no jogo das bets, quase sempre, a casa é quem ganha.
Mercado de apostas online e jogos como o tigrinho cresceram rapidamente no Brasil, impulsionados por campanhas milionárias com celebridades. O que poucos enxergam é o custo oculto disso: uma indústria que fatura alto com a perda de seus próprios consumidores — e, em muitos casos, com a ajuda direta de quem deveria influenciar positivamente.